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Vulnerabilidade – A Chave para a Abertura do Coração – PARTE 01

17 Fevereiro, 2023

A Vulnerabilidade é algo intrínseco à existência humana: quer no início da vida humana - na vida intrauterina, no nascimento e primeiros anos de vida - quer no seu fim - na velhice e na morte. Somos seres extremamente vulneráveis.

É o facto de sermos vulneráveis que proporciona e torna necessário o Vínculo.

O nosso 1º vínculo sucede quando estamos mais vulneráveis que nunca: é o vínculo com a mãe que se dá no seu ventre, enquanto nos integramos no nosso corpo.

O 2º vínculo acontece no momento do nascimento, após uma transição muito desafiante entre um meio onde estivemos nove meses, em simbiose - onde não existimos sem a pessoa que nos carrega no seu ventre - e o nosso corpo, quando tomamos contacto com o mesmo, respirando a plenos pulmões e dando voz ao nosso ser, nesse primeiro choro de contacto: o vínculo com o nosso corpo físico.

O derradeiro Vínculo é connosco mesmos! E tantas vezes não conseguimos fazê-lo... É a última relação e a mais desafiadora de todas. É a relação connosco próprios, com aquilo que realmente somos, com tudo aquilo que faz parte de nós e que nos define naquele instante.

Como me posso vincular a algo que não aceito e julgo?

Como me vincular a algo que sinto que me faz mal e me faz sofrer?

A melhor maneira de lidarmos com os nossos aspetos sombrios é conhecê-los, é ter contacto com eles e formar uma aliança com eles em vez de os rejeitarmos.

Parece um paradoxo, mas quanto maior é o vínculo e a segurança que temos nessa vinculação segura, mais vulneráveis nos tornamos, pois há um apego à forma de vinculação segura, criando um hábito e comportamento focado no outro e de certa forma dependente do outro. Esse outro, que também é humano e também tem as suas sombras. Isto tem tanto de bonito e amoroso como de temeroso e catastrófico. Contudo, é profundamente humano!

Ser-se humano é saber oscilar de forma regulada entre as polaridades da vida, da vida manifestada em cada um de nós. É essa regulação que nos traz segurança e bem-estar e que o nosso corpo biológico tão bem e naturalmente faz: a Homeostase.

Daí ser tão importante o vínculo seguro com o EU, com tudo o que faz parte desse todo (desconhecido) a que chamamos EU e que se manifesta dentro de cada um de nós.

"Eu sou o que eu sou"

Estar mais consciente de quem eu sou, duma forma mais ampla e abrangente, em tudo aquilo que eu amo e tudo aquilo que tenho medo em tocar, permite-me estar mais em paz comigo mesmo e consequentemente com tudo o que está fora de mim.

A vulnerabilidade é uma forma de te vinculares contigo mesmo duma forma segura. Se for através do outro, ainda melhor: sempre que és vulnerável com alguém ou alguém é vulnerável contigo, há uma Criação de proximidade com o outro e contigo mesmo.

Para isso é necessário desligares-te dos condicionalismos da mente acionados pelo Ego, ego esse que é fundamental para a nossa sobrevivência, enquanto seres humanos, desde que saímos de dentro do ventre da nossa mãe, até ao dia em que o nosso corpo biológico morre.

Vergonha, culpa, orgulho, ódio, inveja, carência e avidez são subprodutos inevitáveis da construção do Ego. Eles estimulam a polaridade entre o sentimento de inferioridade e a vontade de poder. Eles são os aspetos da Sombra da primeira emancipação do ego.

A Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung tem como principal objetivo fazer o ser humano chegar ao processo de individuação, que está ligado aos arquétipos inconscientes e às suas identificações, e ao despertar para o melhor de si: quando o ser humano melhora a si, também melhora a sua relação com os outros, melhora a sua forma de vinculação.

A sombra é um arquétipo que está no inconsciente pessoal, ou seja, é adquirida de acordo com as nossas experiências de vida. A sombra está ligada à forma como vemos tudo no outro e no mundo. É o que está dentro de nós e muitas vezes não percebemos porque é inconsciente.

"Torna o teu Inconsciente Consciente"

Todas as pessoas possuem a sombra. Muitas vezes desconhecemos isso porque reprimimos a nossa sombra no nosso inconsciente, e ela vai se manifestando por meio da Transferência que fazemos com as outras pessoas. Mas a sombra é um aspeto muito importante para aprimorar a personalidade do ser humano.

Então não precisamos ter Medo das nossas sombras, e sim podemos convidá-las para ter uma conversa e compreendê-las de maneira mais abrangente. Quando compreendemos as nossas sombras, conseguimos olhar mais adequadamente para dentro de nós, obtendo mais autoconhecimento e amor-próprio.

Para encontrá-la, é preciso dar atenção mais aos detalhes, à forma como vês as outras pessoas e a ti mesmo, perguntando-te: quais são as características daquela pessoa que eu tenho em mim? E entendê-las.

É importante compreender que todos somos seres humanos individuais e que cada pessoa é única.

"Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta"

❤️🙏❤️ (continua)

Por Hugo Miguel Fraga
criador do H2H - Heart to Heart method

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